domingo, 6 de setembro de 2009

criador

CRIADOR e Copiador

Há uma grande diferença entre CRIAR e copiar. O CRIADOR conta com seu tatento, sua experiência, sua sensibilidade, sua intenligência. O copiador, através de uma obra pronta, dá umas pinceladas aqui, outras ali, ou as vezes nem isso. Não despende uma gota de suor sequer, muito menos criatividade, sensibilidade, etc. Ele apenas copia. Mas o grande momento do copiador é a assinatura. Na mediocridade do seu ser, ele acredita mesmo que criou algo. E seu momento de profunda satisfação e glória, é receber os elogios da “sua” obra. Os elogios, ah estes elogios que nem sempre são sinceros… Estes transbordam a alma deste ser que acredita que são todos para ele. Copiador – seu nome é ilusão – seu mundo é um castelo de cartas. Quando o desejo de reconhecimento, afagos, carinhos, elogios não é suficiente para saciá-lo e não anda ao lado do talento, – Nasce aí o Copiador. Copiador, seu nome é ilusão.

O CRIADOR é dono de sua obra, sua alma é tranquila e sobra-lhe tempo e inspiração para criar. O copiador, é uma “luz” efêmera, que mais parece um cometa. Surge e passa. Mas por seu tempo ser tão curto, só lhe resta copiar. CRIAR? Não dá tempo, ele (o copiador) é tão efêmero e rápido!

Vida longa aos CRIADORES!

próximo tema: CRIADOR e Criatura

Dica ao copiador: Copie este texto e leia quantas vezes for preciso para entendê-lo. Tente!

मिंह विदा profissional

Uma família dedicada à Fisioterapia e à Terapia Ocupacional

Á primeira vista, nota-se que a Dra. Alveni Maria Veríssimo de Oliveira e a Dra. Andréa Maria Veríssimo de Oliveira são muito parecidas fisicamente. Coisa normal entre mãe e filha. Mas o que elas mais têm em comum é o brilho no olhar. Especialmente na hora de falar nas profissões que escolheram e que amam: Terapia Ocupacional e Fisioterapia.

A Dra. Alveni é natural de Tupanciretã, mudou-se aos três anos para Alegrete e, aos cinco, para Porto Alegre, onde vive até hoje. Na juventude, prestou vestibular para Filosofia, e formou-se em 1961 pela PUC. “Não me arrependo de ter feito este curso, porque ele me deu uma nova visão sobre a vida, os sentimentos, as pessoas”, explica. Quando começou a cursar Filosofia, em 1958, já conhecia o Dr. Vladimiro Ribeiro de Oliveira, o primeiro Fisioterapeuta registrado no Rio Grande do Sul. Dra. Alveni foi a primeira Terapeuta Ocupacional registrada no Estado. Ele trabalhava como jornalista, no jornal Última Hora (hoje, Zero Hora), e estudava Engenharia na UFRGS. Em 1962, tudo mudaria e eles ajudariam a construir a história. Em setembro daquele ano, os dois casaram-se e foram desbravar caminhos em São Paulo. Tudo por causa de um folheto anunciando cursos novos: Fisioterapia e Terapia Ocupacional, Prótese, Órtese e Locomoção para Cegos, anunciado pela Faculdade de Medicina de São Paulo. Uma mudança e tanto para quem havia acabado de se casar e estava com a vida estabelecida em Porto Alegre. “Não tivemos medo, embora fossem duas profissões que ninguém conhecia nem sabia o que faziam e nossas famílias fossem contra a mudança”, lembra a Dra. Alveni.

Fizeram o vestibular da Universidade de Medicina de São Paulo e passaram, ganhando bolsa de estudo do antigo Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Aposentados – IAPC. Embarcaram em 1963 para São Paulo e começaram a ter aulas no Instituto de Reabilitação da USP. As aulas teóricas aconteciam na universidade, e as práticas, no Instituto Nacional de Reabilitação – INAR. “Tivemos ótimos professores e éramos todos muito unidos”. Em março, Dra. Alveni engravidou, e não fez as provas finais para ter o bebê em Porto Alegre. Para o nascimento de Vladimiro Júnior, ficou apenas um mês na capital gaúcha, e voltou para São Paulo para estudar o que tanto a fascinava. Em 1964, com a ditadura militar, os tempos eram outros – ela lembra de receber cartas de familiares que já vinham abertas; de quando anunciaram por alto-falantes na Avenida Paulista que Jango havia sido deposto e eles não podiam se manifestar – o choro ficou engasgado na garganta. Dra. Alveni estagiou durante o segundo semestre de 1964 na AACD e no Departamento de Reabilitação Física e Psíquica do Instituto de Reabilitação. Elalembra que, na época da faculdade, o grupo estava sempre unido, discutindo casos, pacientes, e aprendiam juntos. “Na época, Terapeuta Ocupacional era conhecida como ‘professora de artesanato’. E eu, ainda por cima, era Terapeuta Ocupacional, mulher e negra. Mas desbravamos juntos caminhos e desenvolvemos, no método de tentativa e erro, muitos materiais que hoje vemos em catálogos, como adaptadores para os pacientes escreverem, pintarem, lixarem.... Estabelecerem algum tipo de conexão conosco”, conta.

O grupo de gaúchos, formado pela Dra. Alveni, pelo Dr. Vladimiro, pelo Dr. Edison Tarouco Bueno e mais dois colegas que não seguiram a profissão, Adolfo e Fernando, formaram-se em 1964. “Eram seis mulheres na turma, e apenas quatro concluíram o curso. Aprendi muito nos estágios, lidei com pacientes que tinham problemas psiquiátricos. Na faculdade, dissequei cadáver, estudei o sistema nervoso, microbiologia, anatomia... Voltamos realizados”. Ela ressalta que o apaixonamento pela profissão aconteceu justamente na época da faculdade, em que sempre procurava casos na área psiquiátrica. “Saí da faculdade cheia de expectativas profissionais e pessoais, e aprendi trabalhando em Porto Alegre que nada é melhor do que a gratidão de uma pessoa que retomou os seus movimentos”. Prova disso é que ela ainda enche os olhos de lágrimas ao relembrar alguns casos de pacientes, incontáveis memórias de recuperação e superação.

Com a volta para Porto Alegre, em 1965, eles precisavam trabalhar para pagar a bolsa que haviam conseguido. Dra. Alveni logo começou a trabalhar no Centro de Reabilitação como Terapeuta Ocupacional. Já o Dr. Vladimiro começou a implantar a Fisioterapia no Hospital Cristo Redentor, e depois na Santa Casa. Os dois trabalhavam uma média de 12 horas por dia. “Ele se apaixonou tanto pela profissão que era incansável, e foi convidado também a trabalhar no Instituto de Reabilitação”, lembra a Dra. Alveni. Em dezembro de 1965, nascia a Dra. Andréa, que hoje atua como Fisioterapeuta no Departamento de Atenção à Saúde da Secretaria do Estado e atua na Fisioclínica. “Herdei dos meus pais a paixão pela Reabilitação e a lição de que, não importa o quão grande seja a dificuldade, é preciso sorrir. Por pior que seja o caso, respire, sorria, atenda, dê afago e atenção ao seu paciente”, explica a Dra. Andréa.

Outros colegas começaram a ver que o mercado para Fisioterapia e TO estava se abrindo no Rio Grande do Sul e vieram para o Estado, ajudar a construir a história destas profissões. No final da década de 60, depois de trabalhar em diversos hospitais, Dr. Vladimiro ficou sócio da Fisioclínica de Porto Alegre. Em 1972, Dra. Alveni saiu do Centro de Reabilitação, e logo foi chamada para trabalhar no Centro de Atendimento Psicológico Infantil (CAPI). Em 1975, foi inaugurado o Curso de Auxiliar em Terapia Ocupacional no Instituto de Educação. Sabendo disso, Dra. Alveni dirigiu-se ao CREFITO-3 e candidatou-se para ser professora. Começou a dar aulas ali, então.

Em 1982, Dra. Alveni começou a trabalhar no CEREPAL, ao mesmo tempo em que começou a dar aulas no IPA. A Dra. Andréa lembra que ia “trabalhar” com a mãe, e “não entendia porque as crianças não interagiam comigo, que só queria brincar”, ri. Dra. Alveni trabalhou como professora do IPA até 1983, e hoje frequenta o Instituto para fazer cursos de aperfeiçoamento, incansável na sua sede de conhecimento. “Muitas das pessoas que foram minhas alunas hoje desempenham papéis importantes dentro do IPA, e tenho muito orgulho disso”. Leitora ávida, é apaixonada por estudar e compra regularmente livros sobre Terapia Ocupacional. “O grande desafio dessa nova geração é se aperfeiçoar. Chegamos em Porto Alegre para trabalhar numa profissão que ninguém conhecia, houve muito estudo e superação. Para mim, tanto o Fisioterapeuta como o Terapeuta Ocupacional têm que assumir o compromisso consigo mesmo de se aperfeiçoar e lutar pelas nossas profissões, sempre, em nome dos nossos pacientes”, diz.

Falando sobre este mesmo assunto, mas com a visão de uma outra geração, a Dra. Andréa diz que, quando se formou, deparou-se com “uma profissão do futuro, pronta, mas que esqueceu de fazer a manutenção do compromisso profissional. Eu cresci vendo meus pais e seus colegas lutando para termos o reconhecimento que temos hoje, e não posso me conformar com a desunião da classe”. Inspiração nunca lhe faltou: ela cresceu em meio à discussões de Fisioterapia e Terapia Ocupacional – até porque o grupo de amigos que frequentavam a casa de seus pais também eram profissionais da área. “Lembro de muita coisa, do meu pai contando que as pessoas não queriam ser atendidas por ele porque ele não era médico. Achavam que era um enfermeiro. Passaram-se 40 anos, e vivo essa mesma realidade hoje em dia”, conta. Ela queria ser atriz, mas cresceu dentro de hospitais, acompanhando os pais em seus trabalhos. Fez vestibular para Artes Cênicas, não passou, e fez também para Sociologia, na PUC. Foi aprovada. Nas férias, foi trabalhar na clínica do pai durante um mês. “Na Fisioclínica, eu via que as pessoas entravam ali com dor e saíam sem ela. Comecei a ouvir relatos e entender que ali havia a oportunidade de mudar a vida das pessoas. Percebi que, se trabalhasse nessa área, teria nas mãos o poder de dar ao paciente a oportunidade da reabilitação”.

Dra. Andréa decidiu cursar Fisioterapia e formou-se pelo IPA em janeiro 1991- 10ª Turma de Fisioteraapia. “A mágica das profissões de Fisioterapeuta e Terapeuta Ocupacional é sua capacidade de ensinar, transformar, quando se vê um paciente incapaz. E só estas duas profissões têm o poder de reabilitar. Meus pais me ensinaram a amar o que faço e também a ser persistente”, afirma. O Dr. Vladimiro, com quem ela teve a oportunidade e felicidade de trabalhar várias vezes, faleceu em março de 2001, vítima de um tumor cerebral. Mas a sua lição fica, até hoje, forte. Para a Dra. Alveni e a Dra. Andréa, a explicação para tamanha paixão por suas profissões, e também do Dr. Vladimiro pela sua, é a sede pelo conhecimento, a vontade de ajudar as pessoas e a possibilidade de transformar suas vidas. “Todos os pacientes são especiais e inesquecíveis. E nossas profissões são do tipo que entram no sangue da gente e não saem mais”, diz a Dra. Andréa. Nota-se.